“Se fosse o meu último dólar, eu o gastaria em relações públicas”.
Bill Gates, fundador da Microsof
Recentemente, a revista inglesa Marketing Week descreveu Relações
Públicas como a disciplina que cuida da reputação da empresa, com o
objetivo de ganhar a compreensão e apoio, bem como influenciar a opinião e o
comportamento junto às partes interessadas. Já para o dicionário americano
Merriam-Webster: “é o negócio de induzir o público a ter compreensão e boa
vontade em direção a uma pessoa, empresa ou instituição.“
Apesar de toda confusão em torno da definição dos termos:
“comunicação empresarial“, “comunicação corporativa” e “relações públicas“, não
há dúvida de que o fato é que todas as organizações hoje precisam ser
responsáveis pela sua própria reputação por meio da comunicação eficaz de seus
valores corporativos e a gestão bem sucedida de seu relacionamento com seus
públicos-alvo.
Criar e manter uma reputação respeitável capaz de impactar
positivamente o negócio não é um trabalho fácil. É um processo de longo prazo
que envolve a validação e revalidação constante e coerente de informações
positivas recebidas por diversas fontes confiáveis que assim criam uma
percepção positiva em uma determinada audiência. Ou seja, “percepção é
realidade”, conforme resumido pelo dito popular.
Em suma, o trabalho de um comunicador profissional é construir e
moldar a imagem e / ou reputação de uma marca, empresa ou organização, a fim de
influenciar e persuadir suas audiências. A melhor maneira de alcançar esse
objetivo é ter pessoas confiáveis advogando em seu nome, afinal não se trata do
que você diz sobre si mesmo (publicidade), mas sim o que os outros dizem sobre
você (endosso).
É claro que cada uma dessas ferramentas tem seus prós e
contras e a meu ver são complementares e não excludentes. A publicidade lhe
dará o controle total da mensagem que você deseja entregar, quando e onde
quiser. Por outro lado, o trabalho de relações públicas não lhe dará esse
controle, porém trará algo igualmente importante nos dias de hoje: veracidade e
credibilidade.
Nas últimas décadas o conceito de “credibilidade por meio do
endosso” vem sendo exaustivamente explorado pelo marketing e pela publicidade,
é muito comum ver celebridades endossando um produto que eles provavelmente
nunca tenham usado. Porém essa manobra tem um efeito muito mais poderoso quando
a aprovação ou endosso é verdadeiro e parte de múltiplas fontes confiáveis,
tais como a imprensa, a mídia social, o boca-a-boca entre conhecidos, clientes
satisfeitos, colaboradores e parceiros. É com isso que relações públicas
trabalha, garantindo que o relacionamento com essas fontes esteja em dia.
Para obter esse benefício da credibilidade é necessário pensar na
comunicação como um todo, e garantir que gestão profissional da comunicação
está baseada na consistência, transparência e liderança. Essas
são as palavras-chaves que os especialistas devem atentar quando estiverem
estruturando sua estratégia de comunicação.
Consistência é refletida de muitas maneiras dentro da
organização, por exemplo: (1) o alinhamento promovido pela integração da
comunicação entre todos os departamentos (publicidade, relações com
investidores, relações públicas, etc) para garantir que os principais
interessados estejam recebendo uma mensagem alinhada com o discurso corporativo,
(2) a agilidade necessária para sempre responder com precisão aos diversos
canais online, incluindo todas as novas mídias, da mesma forma que responde a
mídia tradicional (3) a exposição regular nos diferentes canais disponíveis
(rádio, TV, jornais, revistas, media social, website, eventos etc) e
conseqüentemente a freqüência que atinge ao seu público (4) a coerência entre
as mensagens difundidas pela organização e seu comportamento com os
funcionários, clientes e sociedade.
O mesmo acontece com a transparência (1), de acordo com o artigo
Liderança na Era da Transparência publicado pela Harvard Business Review a
chave para se tornar um líder na sociedade contemporânea é assumir a
responsabilidade de “externalidades” – que os economistas identificam como os
impactos que se tem sobre o mundo para o qual você não é (ainda) formalmente
chamado a responder. Ou seja, tomar a frente e agir assim que o assunto começar
a ser discutido publicamente ao invés de esperar ser obrigado a fazê-lo. As
questões éticas e ambientais normalmente são bons exemplos de assuntos que
antes de serem “obrigações” foram questões de debate na imprensa e as empresas
que rapidamente responderam a isso se tornaram os ícones no assunto, veja o
caso da Natura por exemplo. Uma das funções área de comunicação é
justamente agir como radar e às vezes a consciência da empresa, sempre
analisando os riscos e as ameaças externas, antecipando tendências futuras e
oportunidades, procurando aconselhar a alta cúpula da empresa a agir com
transparência, integridade e buscar a solução pró-ativa para evitar crises
futuras, (2) em um mundo cada vez mais saturado de informação é papel do
comunicador buscar a clareza e transparência das mensagens transmitidas e
garantir que o posicionamento da empresa esteja sendo percebido corretamente.
Já a liderança em comunicação significa que a alta
administração da organização precisa compreender e interiorizar que (1) para se
tornar uma fonte segura de informações para o público é necessário mais do que
apenas oferecer informações confiáveis, mas também aprender a ouvir o público,
entender como a sua mensagem se encaixa naquilo que as pessoas querem saber,
aquilo que é relevante para eles, (2) trata-se de entender a raiz dos
comportamentos do público e fundir na estratégia de comunicação da organização
(3), nos dias de hoje não se trata mais de uma decisão sobre ser “reativo” ou
“pró-ativo” em termos de comunicação, e sim de ser interativo.
Finalmente, em uma era de canais digitais e acesso fácil a todo
tipo de informação a transparência e a liderança são os principais fatores para
se construir uma sólida reputação corporativa. Integrar a comunicação e
aprender a lidar com públicos variados ao invés de focar em um segmento
específico tornou-se vital.
E são exatamente essas as preocupações que mantém os diretores de
comunicação acordados durante a noite. Como podemos ver em uma pesquisa
publicada em 2009 pela PRWeek UK e Brands2Life no Reino Unido, quando
perguntados sobre as suas preocupações e desafios os profissionais da área
responderam que 65% estavam preocupados com a “integração da
comunicação em toda a empresa”, 57% disse: “a comunicação com os
diversos públicos“, 43% disseram: “a execução de uma estratégia
online”. Essas são as mesmas dificuldades enfrentadas pelos comunicadores no
Brasil, fazer com que a empresa tenha uma mesma voz, enquanto tenta atingir
todos os públicos necessários ao mesmo tempo em que tenta garantir presença na
web.
Todas as organizações, não importando sua dimensão ou setor, pode
beneficiar-se da implantação de um bom programa de comunicação corporativa que
lhe trará uma real vantagem competitiva, gerando credibilidade para a empresa,
seus produtos e serviços, protegendo sua reputação em tempos de crise,
atraindo novos talentos e investimentos, engajando as pessoas e abrindo novos
mercados. Um adequado gerenciamento da comunicação garantirá que sua
empresa seja vista nos lugares certos, lembrada pelas razões corretas e no
tempo propício.
Fonte: Michelle Medeiros



Um comentário:
Parabéns, pelo texto
ser Relações Públicas vai além
de várias contro versas. Ser Relações Públicas
é o grande Executivo da Comunicação.
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